quarta-feira, 21 de março de 2012

A taverna 2


            Pego desprevenido, Shverno pode apenas confirmar com a cabeça aquele misto de pedido e ordem, mas o mais surpreendente estava por vir, sentado ao seu lado, Thogeir sem rodeios se dirige a ele em um tom de voz alto o suficiente para ser ouvido dentro o murmúrio ao seu lado, porém, baixo ao ponto que outras pessoas não os ouvissem:
            - Você está procurando a morte?
            - Como é?! – Instintivamente responde Shverno, sua mão em busca da segurança da bainha da espada.
            - Não seja tolo, e se eu fosse você, não buscaria conselhos na espada.
            - Não me conheces e vem ameaçar-me.
            - Rá! – projeta sua cabeça para trás, voltando novamente a sua posição. – Por que eu haveria de ameaçar um irmão de fé...
            - Um irmão...
            - Para quem conhece, percebe-se que você é um seguidor dos velhos deuses assim que você aparece.
            Uma sensação fria percorre a espinha de Shverno. – Me ofende a comparar-me com aqueles pagãos adoradores do Diabo. – havia estudado os comportamentos dos cristãos durante muito tempo, o que poderia ajudar sua missão. – Veja, sou um filho de Cristo e.
            - Contenha-te homem, não sou ameaça para ti, e sinto em você o toque dos deuses antigos.
            Todo o seus disfarce parecia estar ruindo, o que fazer?! Estava no meio deles, uma palavra sua e todos cairiam sobre e o queimariam como fizeram a sua mãe, aquela sensação trouxe um sentimento que a anos não sentia. O total desprezo por aqueles que agora combatia, sua vontade de vingar-se, da qual abrira mão ao aceitar seu dever sobre o altar sagrado.
            - Deixe-me...
            - Acalma-te. Estás num covil de lobos, todos estes dariam qualquer coisa para matá-lo e levar seu ouro, se souberem que és um antigo, isso só fara com que sofra antes de o matarem, se não for levado até o sacerdote para julgamento. – um gole de seu enorme copo de madeira interrompe momentaneamente. – Ouvi dizer que eles conseguem fazer até bois confessarem seus pecados.
            A masmorra e seus instrumentos de “confissão” na catedral de Königsberg imediatamente vieram a sua memória.
            - Você quer ouro?
            - Julga que quero-o morto e ter seus bens?
            - Por que não, pelo que parece tens minha vida em suas mãos.
            - Então admite que eu estava certo.
            - Faria alguma diferença? Certo ou errado, não creio que esperariam duas vezes para colocar minha carne para dar gosto aquela sopa. – A mente de Shverno pulsava, precisava pensar em algo para sair dali, poderia arrancar a cabeça dele com um golpe e correr para seu cavalo, mas até desprende-lo seria apanhado, e aquele homem parecia habilidoso com armas, poderia ele acabar sem a sua. Talvez, se arranja-se uma briga, teria como motivo mata-lo e ninguém contestaria, mas como?
            - De certo não, todos querem a todos mortos. – Outro gole. – Diga-me, o que és, um andarilho? Um guerreiro perdido das hordas do Rei Pagão? Ou quem sabe um sacerdote.
            Rei pagão, é assim que o chamam, pensou ele. – Por que tanta curiosidade se seu interesse é no que possuo ao invés de quem sou.
O gigante vermelho permaneceu silencioso por um tempo, olhando para a parede então, voltando-se para Shverno novamente. – Eu diria que você é um sacerdote, sempre ouvi dizer que são muito hábeis nas palavras e pensam em tantas coisas enquanto não deixam transparecer seu medo. Seu rosto não mostrou nada.
            - Eu...
            - Você?! Se for um sacerdote, és ou muito inexperiente ou muito cego que ainda não notou.
            - Do que está falando? – O que não notei? – Isso é algum jogo seu?
Os olhos do lituano então percorreram seu colega de taverna, observando os detalhes.