quarta-feira, 21 de março de 2012

A taverna 2


            Pego desprevenido, Shverno pode apenas confirmar com a cabeça aquele misto de pedido e ordem, mas o mais surpreendente estava por vir, sentado ao seu lado, Thogeir sem rodeios se dirige a ele em um tom de voz alto o suficiente para ser ouvido dentro o murmúrio ao seu lado, porém, baixo ao ponto que outras pessoas não os ouvissem:
            - Você está procurando a morte?
            - Como é?! – Instintivamente responde Shverno, sua mão em busca da segurança da bainha da espada.
            - Não seja tolo, e se eu fosse você, não buscaria conselhos na espada.
            - Não me conheces e vem ameaçar-me.
            - Rá! – projeta sua cabeça para trás, voltando novamente a sua posição. – Por que eu haveria de ameaçar um irmão de fé...
            - Um irmão...
            - Para quem conhece, percebe-se que você é um seguidor dos velhos deuses assim que você aparece.
            Uma sensação fria percorre a espinha de Shverno. – Me ofende a comparar-me com aqueles pagãos adoradores do Diabo. – havia estudado os comportamentos dos cristãos durante muito tempo, o que poderia ajudar sua missão. – Veja, sou um filho de Cristo e.
            - Contenha-te homem, não sou ameaça para ti, e sinto em você o toque dos deuses antigos.
            Todo o seus disfarce parecia estar ruindo, o que fazer?! Estava no meio deles, uma palavra sua e todos cairiam sobre e o queimariam como fizeram a sua mãe, aquela sensação trouxe um sentimento que a anos não sentia. O total desprezo por aqueles que agora combatia, sua vontade de vingar-se, da qual abrira mão ao aceitar seu dever sobre o altar sagrado.
            - Deixe-me...
            - Acalma-te. Estás num covil de lobos, todos estes dariam qualquer coisa para matá-lo e levar seu ouro, se souberem que és um antigo, isso só fara com que sofra antes de o matarem, se não for levado até o sacerdote para julgamento. – um gole de seu enorme copo de madeira interrompe momentaneamente. – Ouvi dizer que eles conseguem fazer até bois confessarem seus pecados.
            A masmorra e seus instrumentos de “confissão” na catedral de Königsberg imediatamente vieram a sua memória.
            - Você quer ouro?
            - Julga que quero-o morto e ter seus bens?
            - Por que não, pelo que parece tens minha vida em suas mãos.
            - Então admite que eu estava certo.
            - Faria alguma diferença? Certo ou errado, não creio que esperariam duas vezes para colocar minha carne para dar gosto aquela sopa. – A mente de Shverno pulsava, precisava pensar em algo para sair dali, poderia arrancar a cabeça dele com um golpe e correr para seu cavalo, mas até desprende-lo seria apanhado, e aquele homem parecia habilidoso com armas, poderia ele acabar sem a sua. Talvez, se arranja-se uma briga, teria como motivo mata-lo e ninguém contestaria, mas como?
            - De certo não, todos querem a todos mortos. – Outro gole. – Diga-me, o que és, um andarilho? Um guerreiro perdido das hordas do Rei Pagão? Ou quem sabe um sacerdote.
            Rei pagão, é assim que o chamam, pensou ele. – Por que tanta curiosidade se seu interesse é no que possuo ao invés de quem sou.
O gigante vermelho permaneceu silencioso por um tempo, olhando para a parede então, voltando-se para Shverno novamente. – Eu diria que você é um sacerdote, sempre ouvi dizer que são muito hábeis nas palavras e pensam em tantas coisas enquanto não deixam transparecer seu medo. Seu rosto não mostrou nada.
            - Eu...
            - Você?! Se for um sacerdote, és ou muito inexperiente ou muito cego que ainda não notou.
            - Do que está falando? – O que não notei? – Isso é algum jogo seu?
Os olhos do lituano então percorreram seu colega de taverna, observando os detalhes.

quarta-feira, 8 de fevereiro de 2012

A taverna



Muito diferente do ambiente externo, o interior da taverna era quente, uma grande fogueira queimava em uma lareira de pedra no centro da parede dos fundos diretamente a frente da entrada. Inúmeras mesas de madeira pontuavam o local, ocupadas por completo. Um grande balcão ficava a esquerda da porta, com alguns bancos mais altos, prateleiras com grandes copos de madeira e metal, e muitos barris de bebida, uma porta a esquerda dava para o que parecia ser uma cozinha, pelo cheiro que de lá provinha. Ao lado do balcão, um homem preparava uma sopa em uma grande panela alimentada por um braseiro ao chão. O lugar era iluminado por um enorme candelabro de velas que pendia do teto, tochas nas paredes e velas sobre móveis. Ao sopé da escada que levava aos quartos, um elevado permitia que músicos tocassem e fossem notados em meio a balbúrdia.
Garotas iam e vinham com canecos de bebidas e bandejas de carnes sobre o olhar atento de dois homens, um atrás do balcão e outro perto da escada, Shverno não viria a ter tempo de descobrir, mas eram os donos da taverna.
Uma bela moça, jovem, de seis avantajados e bela cintura, a qual os homens chamavam de Tristania tentava deter as investidas de um homem claramente sobre efeito da bebida, essa moça que percebendo a entrada de Shverno e com um grande sorriso, maior que aquele sorriso forçados das garçonetes quando algum novo cliente chega ao local, esse olhar é percebido pelo visitante que devolve também um sorriso. Finalmente livre do sujeito, a bela garçonete vem atende-lo, este já sentando num dos poucos bancos disponíveis juntos ao balcão.
- Oh! Finalmente alguém bonito neste lugar. – Exclama Tristania ao aproximar-se do balcão, imediatamente levando vários dos fregueses, todos homens, a voltarem se para o jovem ali.
- O que seria para você bonitão?
- Uma bebida, um pão e carne e um quarto por favor.
- Nossas meninas estão ocupadas, mas log devem descer.
- Como é?
- Você não pretende passar uma noite fria como essa sozinha não é? Logo, nossas meninas terminarão com seus clientes e poderão aquecê-lo.
- Eu não quero este tipo de serviço.
- Um padre?
- De forma nenhuma.
- Ainda bem. – Uma piscadela de olho. – vou buscar sua bebida.
Ao fundo a banda terminava mais uma música, alguns urros eram a demonstração de satisfação dos ouvintes, em sua maioria, pareciam veteranos de guerras.
- Por que não estavam na batalha?! – Reflete. – Mercenários...
Alguns ali também eram camponeses, indiferentes as guerras que a aconteciam a sua volta, queriam apenas aproveitar, e bebiam para que a bebida levasse seus problemas.


Em uma das mesas uma salva de risadas chama a atenção do sacerdote, um enorme homem parece desafiar um outro sentado, de não menos porte, para uma disputa, uma queda de braço, sobre as risadas dos ouvintes, em alguns instantes estão sentados os dois, de um lado o desafiante, de outro, um grande homem de cabelos e barbas ruivas, seu enorme cabelo, com duas tranças pendentes de sobre seus ombros não são menores que sua barba também comprida dividida em duas grande tranças, um fio percorrendo cada uma delas terminava em um pequeno enfeite que pareciam a cabeça de dragões.
- Thogeir. – Comenta a moça, retornando com o pedido.
- Como?
- O ruivo, Thogeir Cabelo de Fogo, como o chamam. É uma ótima pessoa, um dos poucos que não é um criminoso sujo por aqui.
- Ele chama-se Cabel de Fogo?
- Claro que não, porém, ninguém sabe muito sobre ele, e ele não fala também.
- Você comentou que há criminosos por aqui?
- Não te engane meu lindo, pelas risadas deste local, nenhum destes homens hesitaria em lhe matar por um saco de ouro, estes homens já pilharam muitos vilarejos. Incontáveis foram as mulheres que eles corromperam, quanto sangue inocente tem em suas mãos.
- Por que aceitam-nos aqui então?
- Por que ainda possuem ouro, seja de onde quer ele venha, mas estes homens estariam melhor se mortos.
- Quanto lhe devo?
- São 15 groszy.
- Aqui estão. – Puxando algumas moedas de bronze de um saquinho estrategicamente localizado em suas roupas.
- Obrigado. – Dizia ela enquanto recolhia as moedas lentamente da mão de Shverno, deixando seus dedos percorrem lentamente seu pulso e mão, de forma provocante, e uma sorriso leve escondido entre os lábios. Afastando-se esse vai até a mesa de Thogeir.
- Então Thogeir, você ganhou? – Falava alto, enquanto o outro desafiante movia-se da mesa, mexendo em seu braço, com um misto de raiva e dor em sua face.
- Mas é claro meu amor, acha que deixaria alguém me vencer na sua frente? – Responde o homem, enquanto toma um enorme gole da sua bebida.
- Ah! Por isso que eu te amo Thogeir. – Responde a moça entre risada, indo sentar-se em seu colo, a diferença de tamanho entre os dois é enorme, o homem agiganta-se em comparação a ela. Ela ciente disto não importa-se com os olhares furiosos que outros homens lançam para ela e ele, muitos destes, que por diversas vezes haviam tentado sua sorte com a moça. Dando lhe um grande beijo nas bochechas vermelha, estas pela bebida, cochicha algo em seu ouvido e sai, para continuar seus atendimentos.
Este fixando o olhar em Shverno, levanta, vindo em sua direção, um machado preso a sua perna balança ameaçadoramente, os clientes próximos afastam-se do caminho, que distraído após a performance da mulher, voltou-se para sua própria bebida. Por trás, outra música termina, com novos urros dos ouvintes, entre a algazarra, uma nova música é anunciada, a qual, provavelmente ninguém ouviu qual era.
- Podemos conversar?! – Exclama Thogeir em um misto de pergunta e ordem.



segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

S.n.E. - O Lobo Beberrão.


            Agora a música já está mais clara, sons de vários instrumentos podem ser ouvidos, uma flauta faz um som agudo, audível claramente a ele. A sua frente uma curva na estrada, que este vence calmamente em seu cavalo, ao terminá-la é que vem a descobrir de onde vinha o que ouvia.
            No lado direito da estrada, entre árvores enormes da floresta, em uma pequena clareira, que outrora certamente abrigara árvores, uma taverna de madeira, muito provavelmente construída da madeira daquelas árvores derrubadas. Ao seu lado, um estábulo com alguns cavalos e no outro lado, a base de uma árvore cortada e a seu redor, tocos de lenha e um machado. Do interior da taverna, uma luz emanava pelas janelas, risadas, conversas, e a música tocando alto enquanto copos batiam.
            - Vamos dar uma olhada.
            Na entrada da taverna, uma placa em língua tavernácula dizia: Pousada e Taverna do Lobo Beberrão.
            - Nome peculiar.
            Deixando seu cavalo no estábulo, vem a ele enquanto descendo com grande dificuldade, dada sua manta, o que fazer. Não poderia entrar no local com aquela cobertura toda, e não tinha onde deixá-la. A solução surgiu quando um homem aparentemente bêbado vem cambaleando dos fundos da construção, cambaleante, ao virar-se, para em posição estática olhando aquela coisa a sua frente. Sem mover-se, o pobre transeunte tentar falar algo, mas nenhum som sai, desesperado, começa a fazer o sinal da cruz de olhos fechados rezando baixo. Shverno observava-o, atento a seus movimentos, intrigado pelas palavras de desconjuramento que proferia, mas atento ao fato de que aquele homem, apesar dos efeitos dos álcool, não estava imune ao frio que fazia, seus dedos já mudavam para a cor roxa, tal qual seus lábios, sua pele arrepiada em uma inútil forma do nosso corpo proteger-se do frio.
            Vendo ele que não havia ameaça, resolveu-se remover aquela manta, que cobria-o de completo e ainda arrastava-se pelo chão, tal qual havia sido colocar, remover foi um tarefa árdua, exigindo esforço e paciência.
            - Que ninguém saia agora e me veja fazendo isso.
            Ele seria certamente atacado se outra pessoa o visse, ainda mais bêbado, dado a aparência grotesca daquela montanha de tecido movendo-se aleatoriamente. Porém, a festa lá dentro estava muito boa para alguém preocupar-se em deixar o local, já a única testemunha do que ali acontecia, se alguém pudesse sentir, veria que seu coração quase sai pela boca, seu corpo pressionava-se contra a madeira da taverna a medida que a era removida, dela saia aquele homem relativamente alto, cerca de 1,90, de constituição física avantajada, com músculos marcados por sobre sua armadura de couro, cabelos negros que alcançavam até seu pescoço e uma barba rala, dois olhos negros pontuavam sua face rígida e forte para um jovem de sua idade.
            Independente da figura uma ali a sua frente, aquilo foi demais para o bêbado que desabou, desmaiado, para surpresa de Shverno, que após observá-lo ali, sem muita esperança de retorná-lo ao estado alerta, resolveu deixar sua manta ali, cobrindo-o contra o frio.
            - O que estou fazendo?! Provavelmente deve ser um cristão que adora caçar lituanos. Devo estar ficando fraco.
            Balançando o gelo de suas vestimentas, dirige-se para a porta da taverna, com uma espada sempre pronta ao seu lado. Lá, outra música já se inicia, enquanto risadas cortam o som da música.
            - Que Dievas me proteja e ninguém descubra o quem sou.
            A idéia de Shverno era tomar uma bebida quente, conseguir informações sobre o que acontecia no Oeste, se possível dormir, e então continuar, nada de confusões, nada de brigas, muito estava em jogo para que este se arriscar-se. Mas a vontade muitas vezes anda longe da realidade...

quinta-feira, 19 de janeiro de 2012

Shverno na Estrada.


Shverno já estava na estrada a mais de um dia, seus preparativos foram relativamente rápidos, com acesso a vastos suprimentos pilhados daquela cidade, aos cavalos mais belos e bem cuidados pertencentes aos nobres locais, não foi difícil deixar tudo em ordem e tomar a estrada rumo ao seu destino, a cidade de Danzig, dentro do território do Sacro Império.
De fato, era um grande risco para ele ser capturado em território cristão sendo um sacerdote pagão, porém, havia aprendido as habilidades do discernimento durante sua vida na casa de pessoas que não eram seus familiares. Seus trabalhos como o sacerdote da Deusa da Morte mostraram-lhe como ser discreto, pois raramente as pessoas gostavam de ter um representante do longo sono ao seu lado, mesmo tendo reverência por esta deusa.
Este caminhava calmo pela estrada, já havia percorrido uma boa distância naquele dia de viagem, mesmo com o frio terrível que fazia e a grande tempestade do dia anterior, ainda era possível seguir. Alguém que por ele passasse na estrada provavelmente veria a correr desesperado em direção oposta, pois este parecia um cavaleiro do fim do mundo.
            Sua preferência pela cor negra, fez com que escolhesse tanto suas roupas como o cavalo desta cor, o pesado manto que cobria a ele e ao cavalo também, ficando de fora desta proteção contra o frio,apenas a cabeça de seu do cavalo, a sua própria estava enterrada no fundo do capuz, dificultando a qualquer pessoa ver-lhe, uma figura sinistra para encontrar-se em uma estrada medieval, cheias de mistério e terror.
            É claro que se um grupo resolvesse atacá-lo, este bizarro cavaleiro teria grande dificuldade em defender-se, dado que qualquer movimento com túnica tão grande, ainda mais os de uma espada seriam praticamente impossíveis, mas ele conhecia muito bem o misticismo e o medo dos cristãos, e daquela forma, se alguém pensasse:
            - Veja, uma vítima, haverei de atacá-lo. – Mas de fronte aquela “coisa”, fugiria em pânico, como se tivesse visto a própria personificação do Terceiro Cavaleiro do Apocalipse, a Fome, o qual Shverno havia tirado sua inspiração, pois, mais que a guerra ou a doença, a forme é o grande medo dos homens, dos quais, uma doença pode ser curada, a guerra termina e a morte é inevitável, mas não há como fugir da fome, que por sai causa as doenças, a guerra a morte.
Mãe de todos os suplícios humanos, que leva as pessoas aos mais extremos pontos da sua própria moral para ter o mínimo para comer, muitas vezes longe do ideal. Matar, morrer, roubar, saquear por causa da fome eram constantes neste mundo medieval onde pragas, a natureza e o homem ameaçavam plantações constantemente.
            Se essa vestimenta lhe foi útil de verdade, não é possível afirmar, pois até o momento, sequer uma alma viva havia cruzado por ele.
            - Seria por causa do cerco a Königsberg? – Pensava ele. – Mas não pode ser apenas isto, mesmo em cerco, pessoas vão e voltam para cidades em sítios, mercantes em busca de venda para os exércitos atacantes, ou para conseguir um contrabando de suprimentos para os sitiados. Negócio perigoso porém lucrativo, como os europeus haviam descoberto durante suas Cruzadas no Oriente.
Também, como qualquer guerra, nunca faltavam oportunistas tentando lucrar em cima do pobre campesinato, grupo mais atingido por estes conflitos, com ofertas de segurança, de milagrosas formas de proteção a seus pertences ou apena roubando-os.
            Por outro lado, haviam aqueles que se dirigiam as zonas de combate para lutar, seja pela causa de um dos lados ou apenas para venderem-se e suas habilidades de batalha como mercenários. Mas não desta vez, não ali, a estrada vazia, apenas ele, seu cavalo a floresta e a estrada.
            Perdido em seus pensamentos, um som lentamente invade sua mente, muito baixo, mas destoando do ambiente a sua volta, no início ele o ignora, mas este aumenta conforme avança, tornando-se perceptível uma música que vai ganhando forma em seus ouvidos..
            - De onde vem este som? – Interrompendo seus pensamentos mais profundos, continua agora, decidido a descobrir a fonte daquela melodia.

A Estrada para Frankfurt - Parte Final.


Seus corações palpitam, suor escorre-lhes a face, quatro mortos, e o grupo ficando cada vez menor, não fosse a intervenção de Hartmann, as coisas poderiam ter sido piores, todos talvez, tivessem perecido.
Markus agradecido cumprimenta seu subordinado com um abraço fraternal.
- Obrigado Hartmann, salvaste a vida de todos aqui. – Ainda ofegante.
- Não há o que agradecer-me Capitão, fiz apenas o que devia ser feito. – Sua voz grave era consonante com a imponência de seu porte.
- Salvaste mesmo a todos. – Schulz comenta, voltando-se então para Markus. – O que faremos agora Capitão?
- Temos de chegar a Frankfurt e avisar a guarnição. Talvez consigamos avisar o Senhor daquele feudo e fazer estas notícias chegarem ao Kayser.
- E o Bispo senhor?
- Teremos de encontrá-lo também.
- Algo me diz que ele tem mais conhecimento sobre esta história do que quer admitir. – Shculz.
- Também creio nisso. – Diz o capitão, após recuperar-se de uma tosse forte e insistente. – Se ele tiver algum conhecimento e tiver nos mandado para lá sabendo, ele irá se arrepender.
- Capitão, me permite um comentário? – questiona o gigante.
- Acho que devíamos continuar logo, o senhor parece debilitado, e este frio todo pode estar lhe piorando.
- Concordo. – Voltando-se para todos. – Vamos lá todos vocês, não há mais nada do que fazer neste antro infernal, caminhando.
- Sim senhor. – Respondem todos.
Puseram-se todos a andar novamente até a cidade de Frankfurt o que lhes tomaria algumas horas. Chegar a tal cidade era vital, pois lá, em um burgo que ganhava destaque dentro do feudo local, com uma grande livraria, uma universidade se estabelecendo, grandes feiras, haveria alguém que pudesse entender o que poderia ter acontecido.
O restante do percurso foi calmo, porém, não houve mais momentos de descontração, não houve risadas ou comentários jocosos, um silêncio sepulcral cortado pelo som do vento cortando pela floresta ao seu redor e os animais acordando com o nascer do Sol, os que ainda permaneciam na floresta mesmo durante aquele inverno rigoroso.
Sequer a lebre que passa correndo por eles, esfomeados, ganha atenção, ninguém tinha vontade de sacar um arco e caçar, não valia o esforço, queriam apenas chegar a cidade.
Porém, longe de trazer-lhes tranqüilidade, Frankfurt seria apenas o início de um novo inferno, o Capitão Markus trazia dentro de si, uma semente negra que encontraria um solo fértil naquela cidade populosa, sendo ele o causador de uma enorme desgraça sem saber ou jamais vir a conhecer.
Ao longe os portões da Muralha de Frankfurt despontavam no horizonte para alegria daqueles homens, Markus internamente era tomado por uma grande alegria, também uma enorme dor. Seu ferimento na mão agora vertia sangue profusamente, uma ardência nos olhos revela uma mancha de sangue que ninguém percebera.
Ele morria, sem saber...

sexta-feira, 13 de janeiro de 2012

E.p.F. - O Gigante - Parte 2.


            - Capitão, você ainda está vivo?! – Fala Hartmann quando passa por este, parado no mesmo ponto de antes, inerte. – Onde estão os outros lobos, eles não o atacaram.
            - Não Hartmann, eles passaram direto por mim.
            - Maldição! – Exclama o gigante. – Foram atrás dos outros. – Vamos Capitão.
            - Sim. Eles não terá chances.
            - Certamente.
            Os dois correm para encontrar seus amigos. A frente deles, a situação é crítica, os lobos já alcançaram-nos.
            - Mais rápido homens, não deixem que cheguem perto de nós. – Grita Schulz a seus amigos.
Atrás deles um dos lobos alcança-os, o soldado virando seu corpo vê duas enormes patas, estas pressionam para baixo, com enorme força, suas pernas falham, perdendo o equilíbrio, despenca, no chão, não há chance de luta, com uma mordida direto no rosto, inibe a vítima de resistência.
O outro lobo agora vem em direção de Schulz, que havia desviado de seus amigos para ajudar o companheiro em perigo, este, percebendo que será o próximo, coloca-se de prontidão com a espada preparada. E vem o ataque, pulando sobre ele, o lobo prepara sua mordida, Schulz, sabendo ter pouca chances em um ataque frontal, joga-se para trás, caindo de costas no chão, deixa sua espada erguida, enquanto o animal cai sobre ele, o golpe perfura o dorso do animal, atravessando-o por completo, sua mão livre segura a cabeça do animal logo abaixo da cabeça, presa firmemente ao pescoço dele.
O animal emite um grunhido e fica imóvel, um pouco relaxado, Schulz começa a mover-se para sair dali, mas antes de poder livrar-se, percebe os músculos do pescoço do lobo movendo-se.
- Ele não morreu. – Pensa ele. E não havia morrido mesmo, parecido despertar de um sono, de imediato o lobo tenta atacar o rosto do soldado ali caído o qual afasta-o usando o braço, mas não aguentará muito naquela situação.
Seu algoz ganha espaço, cada vez mais próximo, Schulz, em um esforço sobre humano, urra de ódio, juntando todas suas forças para que mantenha-o afastado. Conseguindo afastá-lo um pouco, move sua outra da espada para o pescoço, isso lhe dá uma base melhor para sustentar seu atacante longe. Um impacto e o animal sai girando de cima dele, sem entender o que aconteceu, percebe uma enorme mão estendida em sua direção, é Hartmann, que olha-o com seu martelo erguido sobre sua cabeça.
- Vamos irmão, saia deste chão gelado. – Comenta.
- Obrigado Hart, mas cuidado, há outro lobo.
- Não há mais. – Responde ele, enquanto caminha para terminar com o último do grupo, enquanto Markus, já em controle de si mesmo, havia aproveitado a distração do lobo que comia para cravar a espada diretamente em sua cabeça.
O Gigante caminha até o lobo caído, sua coluna destroçada, que sem poder mover-se rosna freneticamente.
- Morra criatura infernal. – Diz ao desferir o golpe final contra ela.

E.p.F. - O Gigante.


- CORRAM!!! – Berrava Markus, atrás de si, vinha os 8 soldados restantes, e um dos lobos, mais um logo se junta  a caçada, os outros lobos estão ocupados com suas presas, não demorará porém, que juntem-se a caçada.
- AHH!!! – Grita um dos soldados quando atacado pelo primeiro lobo, uma mordida certeira em seu pescoço e este já cai sem vida. Seus colegas vem apenas de relance, muito concentrados em salvarem a si mesmos, Markus, percebendo que seriam abatidos um por um desta forma, dá uma ordem a Schulz.
- Mantenha os homens correndo até Frankfurt. – Toda aquela corrida estava lhe causando uma enorme dor pelo corpo, mas isso não era importante agora. – Eu manterei estas criaturas ocupadas o máximo de tempo possível.
- Mas senhor, eles são muitos, o que você pode fazer?
- Não discuta Schulz, mantenha os homens vivos.
- Mas...
- Não é hora para isso. – Suas palavras eram firmes. Toda esta troca de ordens acontece em um período muito curto, o lobo que continuava em seu encalço parece agora focado no Capitão, o qual, já desembainhando sua espada, diminui seu ritmo, preparando-se para o confronto.
O lobo agora, focado totalmente em sua presa imóvel a sua frente salta, com a boca preparada para abocanhar o pescoço, Markus por sua vez, está com espada em mãos, observa aquele monstro vindo em sua direção, o que é um ataque de segundos, parece acontecer em câmera lenta, seu coração pulsa tão forte que pode o sentir pelo corpo, batendo vertiginosamente, o momento chega, é hora do contra-ataque.
            O lobo está a poucos metros dele, o movimento da espada tem de ser perfeito, o golpe deve sair diretamente em sua cabeça, cortando-a, e em um instante, ele começa o movimento, mas para sua surpresa e terror, seu braço não se move apenas um feixe de dor percorre-o, mas não era do ataque do seu algoz, mas sim seu corpo rejeitando sua ordem, ele curva-se, mais um segundo e sua vida estará terminada.
Com o canto do olho, ele percebe algo aproximando-se pelo seu lado, parece um objeto, a boca do lobo está a cerca de um metro dele, tudo corre com uma lentidão assustadora diante dos seus olhos, os dentes amostra deixam claro o poder daquela fera, de súbito, um som seco e um ganido. Instintivamente tendo fechado os olhos, espera o pior sem ver o que acontece, passam-se segundos e nada, abrindo-os novamente, vê o corpo do lobo caído metros a sua frente e o gigante Hartmann correndo com seu enorme martelo nas mãos, a cabeça do lobo está totalmente destroçada pelo impacto.
            Quando Markus voltou para defender o grupo, Hartmann, um homem de cerca de 2,10 de altura, conhecido por não ter medo de nada, e dono de uma força descomunal tanto quanto uma percepção muito boa, ouviu a ordem dada ao soldado Schulz pelo seu capitão, e tendo percebido o quão debilitado este estava, sabia que não teria nenhuma chance, seria logo abatido decidiu voltar com este, mas sem que ele percebe-se, pois certamente não aceitaria ajuda.
O lobo aproximou-se do Capitão e este hesitou em seu ataque, foi então que Hartmann, com seu pesado martelo de guerra entrou em ação, girando o sobre sua cabeça e ao mesmo tempo seu corpo, desfere um certeiro ataque na cabeça momentos antes deste alcançar Markus, o crânio esfacela-se imediatamente dado o impacto, que de tão violento, quebra sua espinha e desvia-o de seu trajeto, fazendo o cair metros longe.
            Não há tempo para descanso, os outros lobos aproximam-se, a matilha inteira, são mais quatro, um deles avançado vem em direção a ele, enquanto outros dois ignoram-os correndo para o grupo maior a frente,  e o último deles segue para Hartmann. O primeiro dos lobos pula em direção ao gigante, que desvia dando um passo para trás lançando seu martelo ao chão desembainha sua espada, com uma de suas enormes mãos segura o pescoço da criatura cravando sua espada diretamente no olho desta, que debate-se freneticamente, percebendo a aproximação do outro lobo, atira o corpo que está em seus braços contra este, que com o impacto direto cai, atordoado dando-o tempo de buscar seu martelo. Quando o lobo atingido começa a levantar-se, por cima de sua cabeça, um pesado martelo corta o ar com um som estridente, indo impactar-se diretamente no animal, afundando sua cabeça dentro da neve e esmagando-a contra o chão da estrada.