Pego
desprevenido, Shverno pode apenas confirmar com a cabeça aquele misto de pedido
e ordem, mas o mais surpreendente estava por vir, sentado ao seu lado, Thogeir
sem rodeios se dirige a ele em um tom de voz alto o suficiente para ser ouvido
dentro o murmúrio ao seu lado, porém, baixo ao ponto que outras pessoas não os
ouvissem:
-
Você está procurando a morte?
-
Como é?! – Instintivamente responde Shverno, sua mão em busca da segurança da
bainha da espada.
-
Não seja tolo, e se eu fosse você, não buscaria conselhos na espada.
-
Não me conheces e vem ameaçar-me.
-
Rá! – projeta sua cabeça para trás, voltando novamente a sua posição. – Por que
eu haveria de ameaçar um irmão de fé...
-
Um irmão...
-
Para quem conhece, percebe-se que você é um seguidor dos velhos deuses assim
que você aparece.
Uma
sensação fria percorre a espinha de Shverno. – Me ofende a comparar-me com
aqueles pagãos adoradores do Diabo. – havia estudado os comportamentos dos
cristãos durante muito tempo, o que poderia ajudar sua missão. – Veja, sou um filho
de Cristo e.
-
Contenha-te homem, não sou ameaça para ti, e sinto em você o toque dos deuses
antigos.
Todo
o seus disfarce parecia estar ruindo, o que fazer?! Estava no meio deles, uma
palavra sua e todos cairiam sobre e o queimariam como fizeram a sua mãe, aquela
sensação trouxe um sentimento que a anos não sentia. O total desprezo por
aqueles que agora combatia, sua vontade de vingar-se, da qual abrira mão ao
aceitar seu dever sobre o altar sagrado.
-
Deixe-me...
-
Acalma-te. Estás num covil de lobos, todos estes dariam qualquer coisa para matá-lo
e levar seu ouro, se souberem que és um antigo, isso só fara com que sofra antes
de o matarem, se não for levado até o sacerdote para julgamento. – um gole de
seu enorme copo de madeira interrompe momentaneamente. – Ouvi dizer que eles
conseguem fazer até bois confessarem seus pecados.
A
masmorra e seus instrumentos de “confissão” na catedral de Königsberg imediatamente
vieram a sua memória.
-
Você quer ouro?
-
Julga que quero-o morto e ter seus bens?
-
Por que não, pelo que parece tens minha vida em suas mãos.
-
Então admite que eu estava certo.
-
Faria alguma diferença? Certo ou errado, não creio que esperariam duas vezes
para colocar minha carne para dar gosto aquela sopa. – A mente de Shverno
pulsava, precisava pensar em algo para sair dali, poderia arrancar a cabeça
dele com um golpe e correr para seu cavalo, mas até desprende-lo seria
apanhado, e aquele homem parecia habilidoso com armas, poderia ele acabar sem a
sua. Talvez, se arranja-se uma briga, teria como motivo mata-lo e ninguém
contestaria, mas como?
-
De certo não, todos querem a todos mortos. – Outro gole. – Diga-me, o que és,
um andarilho? Um guerreiro perdido das hordas do Rei Pagão? Ou quem sabe um
sacerdote.
Rei
pagão, é assim que o chamam, pensou ele. – Por que tanta curiosidade se seu
interesse é no que possuo ao invés de quem sou.
O gigante vermelho permaneceu
silencioso por um tempo, olhando para a parede então, voltando-se para Shverno
novamente. – Eu diria que você é um sacerdote, sempre ouvi dizer que são muito
hábeis nas palavras e pensam em tantas coisas enquanto não deixam transparecer
seu medo. Seu rosto não mostrou nada.
-
Eu...
-
Você?! Se for um sacerdote, és ou muito inexperiente ou muito cego que ainda
não notou.
-
Do que está falando? – O que não notei? – Isso é algum jogo seu?
Os olhos do lituano então percorreram
seu colega de taverna, observando os detalhes.