sexta-feira, 6 de janeiro de 2012

E.p.F. - Parte 2.

- É um dos nossos Capitão. – Grita o soldado que aproxima-se primeiro do corpo. – É o Carl. Está vivo.
            - Venham, ajudem a levantá-lo. – Aponta o capitão ao homem ali. – Como você veio parar tão longe?
            O soldado em estado de choque apenas gagueja coisas sem sentido, seus amigos removiam o sangue da sua face, tentando acalmo e aquecê-lo pois seu estado de hipotermia já estava muito avançado, neste ritmo teria morrido em meia hora, mas mesmo eles corriam de padecer ali naquele local.
Aos poucos a lucidez parecia voltar a ele, seus olhos, todavia ainda possuíam um rastro de terror extremo, não havia tempo para parar com isso, já estavam novamente andando, o intervalo que a tempestade havia lhes fornecido era usado para que pudessem trocar informações, organizar-se, foi neste ambiente que o soldado conseguiu voltar a falar.
            - Carl, tu havias sido destacado para ficar no flanco daquele maldito vilarejo, por que fostes parar aqui? – O capitão sentia uma raiva estranha, sem sentido. – Abandonaste teu posto e teus irmãos a morte? Onde estão os outros?
            - Senhor, eu...
            - Você o quê? Fugiu ao som dos gritos daqueles que dariam a vida para te defender? Ou sequer chegou a ir para onde havia ordenado? – Uma gota de suor escorria sua face em contraste com aquele intenso frio, rapidamente se congelava? – Homens como você me dão nojo.
            - Capitão, tenha calma. – Um dos soldados dizia enquanto caminhavam pela estrada. – Vamos ouvi-lo.
            - As palavras de um covarde não tem validade.
            - Capitão eu...
            - Cala-te covarde. – Partindo para cima dela, Schulz é completamente tomado pela raiva, não contém-se, apenas quer vingar-se da culpa que aquele soldado sequer sabe que tem, na verdade, nem ele mesmo sabe do que sente tanta raiva.
A caminhada é interrompida por esta súbita briga, alguns protegem o soldado ferido enquanto outros seguram o capitão, tentando acalmá-lo. Neste movimento que um deles percebe que o mesmo está febril.
            - Capitão, o Senhor está ardendo em febre.
            - Calado insolente, não aceitarei este tipo de insubordinação.
            - O que houve com você e o resto Carl? – Pergunta Schulz, ignorando os delírios do Capitão. – Alguém jogue gelo no capitão até ele voltar a si.
            - Eu... Eu não fugi, o capitão está enganado.
            - Sim irmão, sabemos disso, o Capitão está delirando, conte-me o que houve.
            - Eu preciso parar, não aguento mais.
            - A neve está diminuindo, devíamos parar e nos aquecer. – Um dos soldados comenta.
            - Ali, há uma clareira. – Aponta outro.
            - Maldita floresta silenciosa. – Um terceiro completa, fazendo com que todos voltassem a lembrar da silenciosa floresta.
            - Vamos parar um pouco. – Schulz comanda. – Como está o Capitão?
            - Está melhorando. – Um dos soldados que estava a cuidá-lo responde.
            Ele estava bem, silencioso, o gelo direto no rosto fizera efeito e o mesmo recuperava-se do delírio, ainda suando, mas sentindo a dor interna diminuir. O resto do grupo seguiu para o local apontado, não era mais seguro que a floresta, porém, a forma arqueada da terra ao seu lado permitia que o calor ficasse mais retido, impedindo o vendo de circular livremente, era como uma espécie de caverna naquele local. E por ali ficariam por um tempo, até suas forças voltarem.
            - Alguém tem comida? – Um deles já arrumando um pedaço de madeira para sentar. – E se fizéssemos fogo?

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