sexta-feira, 6 de janeiro de 2012

E.p.F. - Parte 3.


- Com que madeira você quer fazer isso? Vai tirar o gelo no grito? – Outro deles comenta, com aquele humor que só o desespero consegue criar. – Talvez se você ficar olhando com essa cara horrível o gelo fique assustado e vá embora.
Algumas risadas ajudam a quebrar o clima tenso. Outros arranjam forma de sentarem, próximos, para não haver perda de calor. Como todo bom soldado da sua época, nenhum deles saia para uma missão sem estar com seus cantis de água cheios de algum destilado, aqua vitae como os alquimistas referiam-se a ela, na verdade, era comum o Hausbrand, um tipo de destilado de vinho que ficava cada vez mais famoso entre a plebe. Se a aqua vitae era um líquido purificado, logicamente também o corpo ficaria purificado após beber.
             A comida tratava-se de alguns nacos de linguiça e alguns potes pequenos com chucrute e os pedaços de pão que aquelas bolsas pudessem suportar. Os cantis com os destilados ou mesmo a saborosa cerveja passavam de um a outro, um pequeno teto de  galhos caídos de carvalhos e pinheiros fora improvisado por outros dois deles, desta forma, melhor abrigados, poderia ficar a par do que aconteceu.
            - Sente-se Carl, tome um gole e coma, você está muito ferido. – Schulz cuidava do seu colega. – Vou ver como está o Capitão, volto logo.
            - Sim Schulz.
Virando-se, estavam dois dos soldados cuidando do capitão, que já retomava seu estado normal e com isso, o controle sobre seus homens.
- Por que paramos? – Pede ele.
            - O senhor delirava em febre e o Carl estava muito assustado, com isso, não conseguiríamos avançar muito mais. – Schulz sentia-se obrigado a explicar-se perante o Capitão o qual sempre fora seu comandante. – Lamento tê-lo desrespeitado Capitão.
            - Pelo contrário Schulz, sua decisão foi... – Algo como um raio percorre o braço de Markus, interrompendo-o pela sensação de ardência e dor.
            - Está tudo bem Senhor. – Pergunta Schulz, aproximando-se.
            - Sim, está tudo bem. Mas não podemos ficar por muito tempo aqui, o que aconteceu lá tem de ser reportado ao comando em Frankfurt. – Dando uma longa golada no Hausbrand do cantil.
            - Sim Senhor. – Confirma Schulz. – O que o senhor acha que aconteceu lá?
            - O Diabo está lá, como o Sacerdote falou. – Outro soldado responde atrás dos dois.
            - Com certeza, vocês viram o que eles faziam? – Um deles segurava um pedaço de linguiça trêmulo. – Eles estavam comendo-os vivos.
            - Eles não morriam, como pode? – Um terceiro. – Eu feri a espada o tronco de um, e ele continuou vindo para cima de mim.
            - O Demônio não morre. – Outro.
            - Chega de tolices. – Markus levanta-se, com alguma dificuldade, dando passos em falso, apoiando-se em um dos seus soldados. – Vocês não notaram que eles não se levantavam mais depois de decapitados?
            - Não senhor. – Respondem todos.
            - Pois bem, eu gritei a todos, porém, a tempestade deve tê-los impedido de ouvir.
            - Mas nenhum homem sobrevive ao corte de uma espada em seu estômago. – Novamente o soldado retruca. – Eu cortei o braço de outro e nada, sem dor, sem cair, ele continuou vindo.
            Markus, ficando silencioso, passa a observar a floresta negra a sua volta de forma meticulosa, seus companheiros observavam-no, sem entender o por que ele fazia isso, seria a dor ou os delírios que estava tendo pensavam, alguns já se questionavam como poderiam ser liderados por ele se o mesmo não conseguia fixar seus pensamentos, Carl já mais calmo é trazido ao meio do pequeno grupo para que possa dizê-los o que aconteceu.

Nenhum comentário:

Postar um comentário