- Com que
madeira você quer fazer isso? Vai tirar o gelo no grito? – Outro deles comenta,
com aquele humor que só o desespero consegue criar. – Talvez se você ficar olhando
com essa cara horrível o gelo fique assustado e vá embora.
Algumas
risadas ajudam a quebrar o clima tenso. Outros arranjam forma de sentarem,
próximos, para não haver perda de calor. Como todo bom soldado da sua época,
nenhum deles saia para uma missão sem estar com seus cantis de água cheios de
algum destilado, aqua vitae como os alquimistas referiam-se a ela, na verdade,
era comum o Hausbrand, um tipo de destilado de vinho que ficava cada vez mais
famoso entre a plebe. Se a aqua vitae era um líquido purificado, logicamente
também o corpo ficaria purificado após beber.
A comida tratava-se de alguns nacos de
linguiça e alguns potes pequenos com chucrute e os pedaços de pão que aquelas
bolsas pudessem suportar. Os cantis com os destilados ou mesmo a saborosa
cerveja passavam de um a outro, um pequeno teto de galhos caídos de carvalhos e pinheiros fora
improvisado por outros dois deles, desta forma, melhor abrigados, poderia ficar
a par do que aconteceu.
-
Sente-se Carl, tome um gole e coma, você está muito ferido. – Schulz cuidava do
seu colega. – Vou ver como está o Capitão, volto logo.
-
Sim Schulz.
Virando-se, estavam dois dos
soldados cuidando do capitão, que já retomava seu estado normal e com isso, o
controle sobre seus homens.
- Por que
paramos? – Pede ele.
-
O senhor delirava em febre e o Carl estava muito assustado, com isso, não
conseguiríamos avançar muito mais. – Schulz sentia-se obrigado a explicar-se
perante o Capitão o qual sempre fora seu comandante. – Lamento tê-lo
desrespeitado Capitão.
-
Pelo contrário Schulz, sua decisão foi... – Algo como um raio percorre o braço
de Markus, interrompendo-o pela sensação de ardência e dor.
-
Está tudo bem Senhor. – Pergunta Schulz, aproximando-se.
-
Sim, está tudo bem. Mas não podemos ficar por muito tempo aqui, o que aconteceu
lá tem de ser reportado ao comando em Frankfurt. – Dando uma longa golada no
Hausbrand do cantil.
-
Sim Senhor. – Confirma Schulz. – O que o senhor acha que aconteceu lá?
-
O Diabo está lá, como o Sacerdote falou. – Outro soldado responde atrás dos
dois.
-
Com certeza, vocês viram o que eles faziam? – Um deles segurava um pedaço de
linguiça trêmulo. – Eles estavam comendo-os vivos.
-
Eles não morriam, como pode? – Um terceiro. – Eu feri a espada o tronco de um,
e ele continuou vindo para cima de mim.
-
O Demônio não morre. – Outro.
-
Chega de tolices. – Markus levanta-se, com alguma dificuldade, dando passos em
falso, apoiando-se em um dos seus soldados. – Vocês não notaram que eles não se
levantavam mais depois de decapitados?
-
Não senhor. – Respondem todos.
-
Pois bem, eu gritei a todos, porém, a tempestade deve tê-los impedido de ouvir.
-
Mas nenhum homem sobrevive ao corte de uma espada em seu estômago. – Novamente o
soldado retruca. – Eu cortei o braço de outro e nada, sem dor, sem cair, ele
continuou vindo.
Markus,
ficando silencioso, passa a observar a floresta negra a sua volta de forma meticulosa,
seus companheiros observavam-no, sem entender o por que ele fazia isso, seria a
dor ou os delírios que estava tendo pensavam, alguns já se questionavam como
poderiam ser liderados por ele se o mesmo não conseguia fixar seus pensamentos,
Carl já mais calmo é trazido ao meio do pequeno grupo para que possa dizê-los o
que aconteceu.
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