sexta-feira, 6 de janeiro de 2012

A Estrada para Frankfurt.

            Uma vez fora da vila, a situação melhorou um pouco para aqueles poucos sobreviventes, dos cinquenta soldados iniciais, restavam apenas dez, outro dez haviam dividido-se em grupos de cinco para flanquear a vila, o capitão não podia dizer se estavam bem ou não, mas não havia tempo para procurá-los ou poderiam todos perecer. Na sua frente, branca e mal iluminada pelo fogo daquelas tochas estava a estrada pela qual vieram, o frio era imenso, mas não havia uma opção melhor, ficar ali seria morte certa, mas voltar para aquele inferno que queimava atrás deles não iria alterar a situação.
            - Avancem homens. – O som da tempestade impedia que ouvissem uns aos outros claramente, seus rostos queimados pela neve, por sorte suas roupas de soldados eram quentes o suficiente para não deixa-los morrer de hipotermia.
            Mantinham-se perto um dos outros, guiando-se pela luminosidade das tochas, já estavam a algumas dezenas de metros longe da vila quando, mesmo em meio a tempestade um uivo se fez ouvir, o intenso frio não impediu que sentissem um gelo em suas espinhas, não era possível correr, pois o risco de o grupo afastar-se e ficar exposto era grande, cada um precisa da proteção e calor do companheiro ao lado.
Mas o uivo único agora havia aumentado, tão altos que o som da tempestade parecia ceder diante daquela espécie de lamento tenebroso.
            - Capitão...
            - Andem soldados, mantenham-se próximos.
           Uivos. De forma instintiva os passos ficavam mais rápidos, o clarão da vila em chamas ficava mais fraco, porém os uivos aumentavam.
           Andaram pelo que parecia uma eternidade, seus passos apressados exigiam muita força dado o acúmulo de neve na precária estrada, o que sem perceberem, diminuía o espaço por eles percorrido. 
            - A tempestade parece estar amenizando homens, ainda temos uma chance, mantenham-se andando.
De fato, a neve ainda vinha, mas menos intensa, era possível ver mais a frente, não de forma clara, mas ainda assim melhor do que até momentos antes.
            - Todos, mantenham-se próximos e sobreviveremos.
            - O que foi aquilo Capitão?
            - Não sei Schulz, mas aposto que o Bispo tem idéia.
            - O senhor foi ferido? - Pergunta outro soldado.
            - Sim, mas não foi nada demais. – Porém, sua mão doía muito e uma sensação estranha começava-lhe a correr o braço. – Alguém mais está ferido?
            Um a um todos foram respondendo que não, enquanto continuavam a andar a  neve agora caia fraca, tudo parecia acalmar-se, nem mesmo os uivos eram ouvidos, apenas a estrada mal iluminada por suas tochas e a floresta densa a sua volta.
            - Ouçam. – Disse um deles.
            - Não estou ouvindo nada, nem mesmo o vento.
            - Exatamente, mesmo a noite, uma floresta jamais é silenciosa. – retoma outro soldado. – A não ser que...
            - Que algum perigo faça com que os animais permaneçam em silêncio. – Emenda o capitão.
            - Nem os malditos lobos estão uivando mais. – Outro soldado.
            - Se é isso, temos de achar um abrigo logo, não sei por quanto tempo iremos conseguir ainda. – Fala Schulz, o soldado.
            - Você tem razão, mas não há muito entre a vila e o próximo Burgo.
            - Senhor, veja.
          A frente deles, alguns metros, alguma coisa jazia na estrada, todos temerosos, aproximavam-se com espadas já em mãos. No chão um corpo ensanguentado de costas para o chão respirava ofegante, era um dos soldados do grupo que havia se separado para flanquear o vilarejo.

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