Agora a música já está mais clara, sons de vários
instrumentos podem ser ouvidos, uma flauta faz um som agudo, audível claramente
a ele. A sua frente uma curva na estrada, que este vence calmamente em seu
cavalo, ao terminá-la é que vem a descobrir de onde vinha o que ouvia.
No lado
direito da estrada, entre árvores enormes da floresta, em uma pequena clareira,
que outrora certamente abrigara árvores, uma taverna de madeira, muito
provavelmente construída da madeira daquelas árvores derrubadas. Ao seu lado,
um estábulo com alguns cavalos e no outro lado, a base de uma árvore cortada e
a seu redor, tocos de lenha e um machado. Do interior da taverna, uma luz
emanava pelas janelas, risadas, conversas, e a música tocando alto enquanto
copos batiam.
- Vamos dar
uma olhada.
Na entrada
da taverna, uma placa em língua tavernácula dizia: Pousada e Taverna do Lobo Beberrão.
- Nome
peculiar.
Deixando
seu cavalo no estábulo, vem a ele enquanto descendo com grande dificuldade,
dada sua manta, o que fazer. Não poderia entrar no local com aquela cobertura
toda, e não tinha onde deixá-la. A solução surgiu quando um homem aparentemente
bêbado vem cambaleando dos fundos da construção, cambaleante, ao virar-se, para
em posição estática olhando aquela coisa a sua frente. Sem mover-se, o pobre
transeunte tentar falar algo, mas nenhum som sai, desesperado, começa a fazer o
sinal da cruz de olhos fechados rezando baixo. Shverno observava-o, atento a
seus movimentos, intrigado pelas palavras de desconjuramento que proferia, mas
atento ao fato de que aquele homem, apesar dos efeitos dos álcool, não estava
imune ao frio que fazia, seus dedos já mudavam para a cor roxa, tal qual seus lábios,
sua pele arrepiada em uma inútil forma do nosso corpo proteger-se do frio.
Vendo ele
que não havia ameaça, resolveu-se remover aquela manta, que cobria-o de
completo e ainda arrastava-se pelo chão, tal qual havia sido colocar, remover
foi um tarefa árdua, exigindo esforço e paciência.
- Que ninguém
saia agora e me veja fazendo isso.
Ele seria
certamente atacado se outra pessoa o visse, ainda mais bêbado, dado a aparência
grotesca daquela montanha de tecido movendo-se aleatoriamente. Porém, a festa lá
dentro estava muito boa para alguém preocupar-se em deixar o local, já a única
testemunha do que ali acontecia, se alguém pudesse sentir, veria que seu coração
quase sai pela boca, seu corpo pressionava-se contra a madeira da taverna a medida
que a era removida, dela saia aquele homem relativamente alto, cerca de 1,90,
de constituição física avantajada, com músculos marcados por sobre sua armadura
de couro, cabelos negros que alcançavam até seu pescoço e uma barba rala, dois
olhos negros pontuavam sua face rígida e forte para um jovem de sua idade.
Independente
da figura uma ali a sua frente, aquilo foi demais para o bêbado que desabou,
desmaiado, para surpresa de Shverno, que após observá-lo ali, sem muita
esperança de retorná-lo ao estado alerta, resolveu deixar sua manta ali,
cobrindo-o contra o frio.
- O que
estou fazendo?! Provavelmente deve ser um cristão que adora caçar lituanos. Devo
estar ficando fraco.
Balançando
o gelo de suas vestimentas, dirige-se para a porta da taverna, com uma espada
sempre pronta ao seu lado. Lá, outra música já se inicia, enquanto risadas
cortam o som da música.
- Que
Dievas me proteja e ninguém descubra o quem sou.
A idéia de
Shverno era tomar uma bebida quente, conseguir informações sobre o que
acontecia no Oeste, se possível dormir, e então continuar, nada de confusões,
nada de brigas, muito estava em jogo para que este se arriscar-se. Mas a
vontade muitas vezes anda longe da realidade...