- Oram vejam só, a vadia é uma bruxa mesmo. – Um tapa em seu rosto faz com que ela caia virada sobre a cama. – É hora de você sentir um pouco da ira de deus, vamos purificar este corpo de todos os pecados sua bruxa.
Seu marido, impossibilitado de fazer algo por sua esposa, se debate desesperadamente, apenas para ser espancado até o ponto de quase desmaiar. Mas não deixariam chegar a tal, pois a perversidade deles não havia terminado, ele é obrigado a assistir enquanto cada um dos 6 homens ali presentes estupra sua mulher, espancando-a quando esta tenta fugir dos seus agressores, sangue lhe corre pela face e corpo, por suas pernas, já fraca para resistir o último homem sai de cima dela, puxando a pelos cabelos.
- Venha sua pagã maldita, hora de entregar seus pecados a Deus.
O pobre garoto, segurando o choro com suas mãozinhas, não vê o que acontece lá fora, além de gritos. Mas o cenário lá não é melhor, as mulheres são arrastadas para o centro, onde madeira molhada de pixe é amontoada, a grande maioria mostra traços da mesma punição que a mãe de Shvarno, os homens, aqueles que ainda estão vivos, são obrigados a assistir suas esposas, mães, filhas e filhos pequenos serem amarrados a troncos enquanto um padre abençoa aquela fogueira purificadora.
Chamas tomam conta dos corpos agonizantes amarrados, o cheiro de carne queimando toma conta do ar, misturado a fumaça asfixiante da madeira queimando. Os homens tomados de desespero tentam mover-se em direção a seus entes, sendo então abatidos pelos seus captores, mas de forma apressada, pois já sabem que o exército pagão do Senhor daquele território aproxima-se.
- Vamos homens! – Comanda aquele que parece ser o líder do grupo. – Nosso recado aqui já está dado.
Os cavaleiros cristãos se retiram, e dentro de algumas horas adentra a vila a cavalaria pagã, correndo no máximo da força de seus cavalos, apenas para encontrar aquele cenário infernal. Muitos choram, pois seus conhecidos moram naquela vila, muitos familiares. Descendo de seus cavalos, passam a examinar os mortos, mas alguns agonizam, pois seus ferimentos não foram fatais o suficiente para terminar seus sofrimento. Um deles é o pai de Shvarno, um dos cavaleiros aproxima-se dele, ao avista sua mão erguendo-se em meio aos mortos e moribundos.
- Meu irmão, você está vivo, agüente, vamos tirá-lo daqui.
- Não! – Exclama ele com uma voz fraca. – Meu filho... porão. – Sangue sai pela sua boca, entre palavras cortadas. – Salve-o... Aquela casa. – Aponta com sua fraca mão, deixando este mundo em seguida.
O cavaleiro, entendendo a mensagem, corre chamando-o auxilio de outros, por sorte, a casa destas pessoas foi uma das poucas a não ser queimada durante o ataque, o que para a pequena criança, salvou sua vida, pois certamente morreria asfixiada pela fumaça, ou queimada. Mas não foi o caso, com o esforço daqueles homens, a criança pode ser salva e retirada dali, um dos poucos sobreviventes do massacre, mas a única criança, não deixou de ver a cena das mortes, as pilhas de corpos amontoados para serem levados e receberem os ritos de passagem, a grande pira funerária para os outros moradores agora apagada, exalava uma pequena fumaça e um cheiro nauseante de carne queimada, urina e excremento.
Levado dali, até uma outra pequena vila, com um pequeno castelo de madeira de onde ele veio a receber seu acrônimo futuro, Shvarno de Lida, lá criado por uma família de sacerdotes, cresceu amaldiçoado pelas visões daquele dia, os sons da morte permaneceram na sua mente, o que pode indicar o por que de sua predileção na adoração a Giltinè, a Senhora da Morte, Ceifadora de Almas.
Implacável e perspicaz, rapidamente suas idéias de resistência a invasão cristã se tornaram uma obsessão pela vingança da morte de seus pais.
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