sexta-feira, 6 de janeiro de 2012

A.V.d.H. - Parte 4.

            O pânico não tardou a se instalar, e já não havia mais hierarquia ou comando, as ordens do Capitão para organizarem-se para sair dali não eram ouvidas, os soldados corriam, desesperados e mais daquelas coisas saiam das casas, das ruas, de todos os cantos, dos poucos iniciais, uma pequena multidão se formava. Na floresta, os soldados que esperavam para cercar os fugitivos ouviam os gritos, sem saber de quem eram, julgavam ser das pessoas que vieram para exterminar. Um deles, observando a estrada, vê algumas pessoas vindo entre a nevasca, caminhando na direção oposta da cidade. Cutucando um de seus colegas ele comenta:
            - Veja lá, alguns tentam fugir.
            - Mas se fogem, deveriam estar correndo e não andando.
            - E daí? Quem sabe algumas garotas estejam lá, podemos ter sorte ainda. – Outro comenta, enquanto seus colegas riem.
            - Vamos lá checar nossa sorte então.
            Saem todos da floresta, com suas espadas e tochas em mãos, caminhando em direção aquele grupo, na frente deles uma figura está mais adiantada, é a este que um dos soldados se dirige.

            - Vão à algum lugar? -Silêncio.
            - Eu pedi se vão a algum lugar. – Caminhando em direção a uma das pessoas.
            - Aquela ali parece ser mulher, e das bonitas. – Um dos soldados aponta com a espada. – Vamos lá.
            Ao aproximarem-se daquelas pessoas que andavam com cabeça meio baixa o soldado pede novamente.
            - Aonde pensam que vão? – Mas apenas silêncio.
            - Nossa! Aonde uma moça tão bonita vai a essa hora? – O soldado que aproximava-se da mulher, que nada responde. – Eu falei com você sua vadia suja.
Ao levantar a cabeça da mesma com a mão, ela agarra-o no braço e morde forte entre o espaço do seu polegar e dedo indicador. Com o pé, ele afasta a, empurrando na altura do estômago, ela cai logo a frente na neve. Já o soldado solta a espada para tentar estancar o sangramento, seu colega ao lado olhando o que acontece não vê o homem a sua frente quando este ataca-o, apenas sente um peso enorme sobre seu corpo e o sangue quente escorrendo lhe pelo rosto. Cai se debatendo, enquanto sua carne é arrancada do corpo.
Os outros soldados assustados parte para defender seu amigo, um deles corta o pescoço de outro dos atacantes, fazendo a cabeça rolar longe enquanto o corpo cai.
            Já os outros dois cravam suas espadas no fundo dos corpos dos algozes que longe de morrer, avançam mesmo com a espada ali, em seu corpo, isso pega os soldados desprevenidos, que não sabendo o que fazer, tentam cravar mais fundo e torcer a espada, mas nada além de urros saem das bocas fétidas das pessoas ali. Um a um, vão sucumbindo sobre as bocas e mãos daqueles seres que recusam-se a morrer sobre suas espadas, logo a neve fica tomada de sangue, enquanto a carne alimenta os mortos vivos ali. Na vila os gritos continuam.
            - Queimem a vila. Matem todos. – Comandava o Capitão Markus, com gestos de sua mão, em um destes movimentos, seu braço é abruptamente parado e de canto de olho, ele percebe que uma daquelas criaturas segura-o, com um rápido movimento de seu outro braço, crava a espada no alto da cabeça do seu atacante, mas não antes de ser mordido na parte superior da mão, o corpo da criatura repentinamente fica mole e deixa de exercer resistência sendo empurrado para o lado.
            - A cabeça, ataquem a cabeça. – Grita a seus soldados, mas estes ou lutam com aquela agora multidão de mortos vivos que os atacam, ou fogem, alguns não conseguem escapar, sendo comido vivos por grupos, muitos tentam fugir para as casas, mas aquelas criaturas parecem ter uma ótima visão e os seguem no passo lento da morte. A vila queima com tochas arremessadas sobre os telhados de palha, pelo chão, soldados debatem-se em vão contra as mãos que apertam seus corpos e arrancam sua carne.
            - Vamos sair daqui. – comanda o capitão a alguns soldados que ainda consegue ouvir e ver, estes com suas espadas, defendem-se dos atacantes desferindo golpes certeiros, amputando membros arrancando gritos profundos de um misto de dor e ódio irracionais, mas para sua surpresa, apenas alguns deles não voltam a levantar-se.
            - Senhor, estas coisas não morrem. – A voz de um deles cortava pelas rajadas de neve e o som da tempestade que intensificava-se.
            - Cortem as cabeças. – Sua mão doía muito apesar do pequeno ferimento. – Vamos voltar a Frankfurt, venham.
            O pequeno grupo de soldados começa a avançar enquanto seus amigos são comidos a sua frente, a neve e a noite tornam a visão impossível, cada soldado carrega uma tocha para que possa ver alguns metros a sua frente, mas isso é uma atração para as criaturas que inertes em algum ponto, passam a avançar sobre eles, em seus passos lentos, fáceis de escapar com uma corrida, mas o número elevado deles fechando-se como uma parede.
            - Corram se querem viver, por aqui. – Aponta o capitão, quase em vão dadas as circunstâncias.

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