sexta-feira, 6 de janeiro de 2012

B.d.K. 11 - A Catedral 4.


- Que maldição é esta, nós matamos você. – O corpo daquele homem continua avançando sobre ele, ali perto, dos soldados, outro levanta-se.
- Mas o que está acontecendo aqui? – Um dos soldados já desesperado, tenta desembainhar sua espada, uma dor lancinante toma seu braço, ao olhar, vê um dos homens mordendo o seu braço, com todas as forças, ele o empurra, para seu desespero, o mesmo sai com um grande pedaço de carne do seu braço, expondo-o até o osso.
Alguns dos soldados, desmaiados pela queda, sequer tiveram chance de defender-se contra aqueles monstros que os atacavam, indefesos tinham sua carne dilacerada pela mandíbula feroz. O último dos soldados a cair daquela escada, por ter tido um tombo menor, conseguiu recuperar-se rapidamente, balançando a cabeça, livrando-se do choque, pode ver seus amigos sendo mortos daquela forma grotesca. Aterrorizado, desembainha sua espada para defender-se de um dos atacantes que vinha em sua direção.
            Aquela criatura avançava, emitindo urros grotescos, como possuída por um ódio extremo, o soldado ataca, um golpe corta fundo na carne do inimigo, que urra, recua, mas para o espanto deste, não cai, volta a avançar em seguida, novo golpe, desferido contra a lateral do corpo, um corte acima do cotovelo faz com que o braço seja completamente cortado do corpo, mas longe de sentir dor, o algoz avança agora mais rápido com o braço restante estendido na direção do pobre homem, seu outro braço pinga um sangue grosso, coagulado. Quase encostado na parede, não há para onde fugir, a escada está bloqueada por outros daqueles seres e a sala de torturas apenas daria alguns minutos a mais pra ele. Sem opções, no alto do desespero, ele ataca, correndo com a espada para cima do monstro, ele desfere um golpe, atravessando seu corpo, na altura do coração atravessando-o completamente, por um segundo, ele tem a impressão de ter vencido, o homem está inerte com sua espada em seu corpo, seria apenas fazer o mesmo com os outros e poderia fugir, e comentar o que aconteceu, porém, em um súbito movimento, sente no seu pescoço, uma extrema dor e um peso sobre seu corpo, forçando suas pernas para trás. Na sua frente, aquele que estava morto na sua frente,  agora, ataca-o novamente, avançando sobre ele independente da espada, cravando-a mais fundo, ao ponto da mão do soldado cravar-se no corpo também.
No chão, debatendo-se, uma dor lancinante percorre seu corpo, seu rosto jorra sangue e o cheiro pútrido do homem em cima de si enche suas narinas. Dor e a cena horrenda daqueles dentes podres são as cenas finais da vida daquele homem que se esvai entre urros de dor, seu assassino serve-se de sua carne, arrancando nacos dela e engolindo-os em seguida.
A morte dos soldados, mesmo entre gritos de desespero, dor e agonia, não foi ouvida na parte superior da catedral, dada a longa escadaria com paredes de pedra absorvendo o som, e a pesada porta que separava estes dois locais, e mesmo que esse não fosse o caso, não haveria ninguém lá em cima para ouvi-los.
Uma morte repentina e desconhecida havia tomado suas vidas, porém, seus corpos não ficariam muito tempo ali, uma forma de vida diferente passaria habitá-los, trazendo-os de volta da mansão dos mortos.
            Na outra sala, o sacerdote, sem poder ver muito, mas ouvindo, e percebendo o rio de sangue correndo entre os vãos das pedras da sala, reza alto, pedindo proteção ao seu deus, que parece ignorá-lo, da outra sala, alguns dos monstros entram, fixamente olhando aquele homem preso a parede, indefeso.
O padre pede perdão pelas coisas que fez com estas pessoas, clamando por misericórdia, pelo amor maior, sem saber que a humanidade deles já havia deixado aquele corpo a muito tempo, de uma forma diferente que a humanidade dele também o deixara, no momento que aceitará torturar pessoas inocentes com base em sua fé, suas orações aumentavam conforme sua morte iminente aproximava-se.
            Aquela câmara de tortura havia exigido as vidas de diversas pessoas e agora não fora diferente, mas longe de uma tumba para aqueles corpos, o local havia transformando-se em uma armadilha para todos aqueles incautos que certamente viesse em busca de seus companheiros, caminhando sem saber para uma sentença de morte desconhecida deles próprios.

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